Detectar
precocemente o cancro da mama aumenta as hipóteses de cura.
Saiba como.
O que é o cancro da mama?
O cancro da mama é um tumor maligno que se
desenvolve nas células do tecido mamário. É muito mais frequente nas mulheres,
mas pode atingir também os homens.
O cancro da mama apresenta-se, muitas
vezes, como uma massa dura e irregular que, quando palpada, se diferencia do
resto da mama pela sua consistência.
Que cuidados se devem ter para detectar o
cancro da mama?
O diagnóstico precoce do cancro da mama é
fundamental, pois aumenta as hipóteses de cura. Evita que o cancro se espalhe
para outras partes do corpo, favorecendo o prognóstico, a recuperação e a
reabilitação.
Para que seja diagnosticado precocemente, é
importante que:
- Faça um auto-exame das mamas
mensalmente, após o período menstrual;
- Vá ao médico especialista em patologia
mamária uma vez por ano;
- Participe em programas de rastreio.
O exame clínico da mama pode confirmar ou
esclarecer o seu auto-exame.
Quais são os sintomas mais comuns no cancro
da mama?
- Aparecimento de nódulo/endurecimento da
mama ou debaixo do braço (na axila);
- Mudança no tamanho ou no formato da
mama;
- Alteração na coloração ou na
sensibilidade da pele da mama ou da aréola;
- Corrimento pelo mamilo, com ou sem
sangue;
- Retracção da pele da mama ou do mamilo.
Ao sentir qualquer alteração nas mamas deve
consultar o seu médico.
Como é feito o diagnóstico clínico do
cancro da mama?
Para fazer o diagnóstico, o médico
submeterá a mulher a um cuidadoso exame clínico e fará algumas perguntas sobre
a história familiar. Fará também a palpação das mamas com as mãos, pois só
assim poderá sentir a presença de um nódulo. O médico poderá solicitar alguns
exames, tais como:
- Mamografia: o principal exame das
mamas, realizado através de raios X específicos para examinar as mamas.
Como é muito preciso, permite ao médico saber o tamanho, localização e as
características de um nódulo com apenas alguns milímetros, quando ainda
não poderia ser sentido na palpação.
Faça uma mamografia de rotina sempre que solicitada pelo seu médico. - Ultrassonografia (ecografia): deve
complementar sempre a mamografia e informa se o nódulo é sólido ou contém
líquido (quisto).
- Citologia aspirativa: com uma agulha
fina e uma seringa, o médico aspira certa quantidade de líquido ou uma
pequena porção do tecido do nódulo para exame microscópico. Esta técnica
esclarece se é um quisto (preenchido por líquido), que não é cancro, ou de
um nódulo sólido, que pode ou não corresponder a um cancro.
- Biópsia: procedimento (cirúrgico ou
não) para colher uma amostra do nódulo suspeito. O tecido retirado é
examinado ao microscópio pelo patologista. Este procedimento permite
confirmar se estamos perante um cancro da mama.
- Receptores hormonais (estrógenio e
progesterona): caso a biópsia permita o diagnóstico de um cancro, estes
testes de laboratório revelam se as hormonas podem ou não estimular o seu
crescimento. Com esta informação, o médico pode decidir se é ou não aconselhável
incluir no plano de terapêutico um tratamento à base de antagonistas
daquelas hormonas, isto é, medicamentos que contrariam o seu efeito. A
amostra do tecido do tumor é colhida durante a biópsia.
Caso a biópsia detecte um tumor maligno,
outros testes laboratoriais serão feitos no tecido para que se obtenham mais
dados a respeito das características do tumor.
Também poderão ser solicitados exames -
raios X, exames de sangue, ecografia, cintilograma (exame no qual uma pequena
quantidade de um produto radioactivo é utilizado para obter imagens) ósseo,
provas de função hepática etc. - para verificar se o cancro está presente em
outros órgãos do corpo.
Todos os testes e exames solicitados e a
definir pelo médico têm como objectivo avaliar a extensão e o estádio da doença
no organismo.
O sistema de estadiamento do cancro da mama
leva em conta o tamanho do tumor, o envolvimento de gânglios linfáticos da
axila próxima à mama e a presença ou não de metástases à distância.
Há vários tipos de cancro da mama?
Sim. O tratamento e o prognóstico variam de
doente para doente e em função do tipo de tumor.
Quase todos os tumores malignos da mama têm
origem nos ductos ou nos lóbulos da mama, que são tecidos glandulares. Os dois
tipos mais frequentes são o carcinoma ductal e o carcinoma lobular.
- Carcinoma ductal “in situ” (CDIS): é o
tumor da mama não invasivo mais frequente. Praticamente todas as mulheres
com CDIS podem ser curadas. A mamografia é o melhor método para
diagnosticar o cancro da mama nesta fase precoce.
- Carcinoma lobular “in situ” (CLIS):
embora não seja um verdadeiro cancro, o CLIS é, por vezes, classificado
como um cancro da mama não invasivo. Muitos especialistas pensam que o
CLIS não se transforma num carcinoma invasor, mas as mulheres com esta
neoplasia têm um maior risco de desenvolver cancro da mama invasor.
- Carcinoma ductal invasor (CDI): este é
o cancro da mama mais frequente. Tem origem nos ductos e invade os tecidos
vizinhos. Nesta fase pode disseminar-se através dos vasos linfáticos ou do
sangue, atingindo outros órgãos. Cerca de 80 por cento dos cancros da mama
invasores (ou invasivos) são carcinomas ductais.
- Carcinoma lobular invasor (CLI): tem
origem nas unidades produtoras de leite, ou seja, nos lóbulos. À
semelhança do CDI, pode disseminar-se para outras partes do corpo. Cerca
de dez por cento dos cancros da mama invasores são carcinomas lobulares.
- Carcinoma inflamatório da mama: este é
um cancro agressivo, mas raro.
Há ainda outros tipos de cancro da mama
mais raros, como o Carcinoma Medular, o Carcinoma Mucinoso, o Carcinoma Tubular
e o Tumor Filóide Maligno, entre outros.
Como se trata o cancro da mama?
A escolha entre as diversas opções de
tratamento depende do estádio da doença, do tipo do tumor e do estado geral de
saúde da paciente. O especialista em patologia mamária é o profissional médico
mais indicado para avaliar e escolher o tratamento mais adequado a cada caso.
Dependendo das necessidades de cada doente,
o médico poderá optar por um ou pela combinação de dois ou mais tratamentos.
- Cirurgia: é o tratamento inicial mais
comum e o principal tratamento local. O tumor da mama será removido, assim
como os gânglios linfáticos da axila. Estes gânglios filtram a linfa que
flui da mama para outras partes do corpo e é através deles que o cancro
pode alastrar. Existem vários tipos de cirurgia para o cancro da mama, que
são indicados de acordo com a fase evolutiva do tumor, a sua localização
ou o tamanho da mama.
- Radioterapia: utiliza raios de alta
energia que têm a capacidade de destruir as células cancerosas e impedir
que elas se multipliquem. Tal como a cirurgia, a radioterapia é um
tratamento local. A radiação pode ser externa ou interna.
- Quimioterapia: é a utilização de drogas
que agem na destruição das células malignas. Podem ser aplicadas através
de injecções intramusculares ou endovenosas ou por via oral.
- Hormonoterapia: tem como finalidade
impedir que as células malignas continuem a receber a hormona que estimula
o seu crescimento. O tratamento pode incluir o uso de drogas, que modificam
a forma de actuar das hormonas, ou a cirurgia, que remove os ovários -
órgãos responsáveis pela produção dessas hormonas. Da mesma maneira que a
quimioterapia, a terapia hormonal actua nas células do corpo todo.
- Reabilitação: vem auxiliar os métodos de
tratamento para que a paciente tenha melhor qualidade de vida. É feita
através da cirurgia plástica de reconstrução e dos serviços médicos de
apoio (fisioterapia, psicologia, etc.).
O tratamento cirúrgico é para tirar a mama?
Não necessariamente. Há diferentes tipos de
cirurgia usados no tratamento de cancro da mama:
- Tumorectomia: é a cirurgia que remove
apenas o tumor. Em seguida, aplica-se a terapia por radiação. Às vezes, os
gânglios linfáticos das axilas são retirados como medida preventiva. É
aplicada em tumores mínimos.
- Quadrantectomia: é a cirurgia que
retira o tumor, uma parte do tecido normal que o envolve e o tecido que
recobre o peito abaixo do tumor. É, pois, um tratamento que conserva a
mama.
A radioterapia é aplicada após a cirurgia. - Mastectomia simples ou total: é a
cirurgia que remove apenas a mama. Às vezes, no entanto, os gânglios
linfáticos mais próximos também são removidos. É aplicada em casos de
tumor difuso. Pode manter-se a pele da mama, que auxiliará muito a
reconstrução plástica.
- Mastectomia radical modificada: é a
cirurgia que retira a mama, os gânglios linfáticos das axilas e o tecido
que reveste os músculos peitorais.
- Mastectomia radical: é a cirurgia que
retira a mama, os músculos do peito, todos os gânglios linfáticos da
axila, alguma gordura em excesso e pele. Raramente utilizada.
Mitos e factos sobre o cancro da mama
Mito
|
Só as mulheres
têm cancro da mama
|
Facto
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Os homens também
podem ter cancro da mama ainda que seja muito raro
|
Mito
|
Só as mulheres
com história familiar têm risco de vir a ter cancro da mama
|
Facto
|
A maioria das
mulheres com cancro da mama não tem história familiar
|
Mito
|
As mulheres mais
novas têm maior risco do que as mais velhas de vir a ter cancro da mama
|
Facto
|
As mulheres mais
velhas têm maior risco do que as mais novas de vir a ter cancro da mama
|
Mito
|
Nódulos mamários
aumentam o risco de cancro da mama
|
Facto
|
A maior parte dos
nódulos benignos da mama não aumenta o risco de cancro
|
Mito
|
As alterações
fibrocísticas e/ou cistos mamários aumentam o risco de cancro da mama
|
Facto
|
As alterações
fibrocísticas e/ou cistos mamários não aumentam o risco de cancro da mama
|
Mito
|
Beber café
aumenta o risco de cancro da mama
|
Facto
|
Beber café não
aumenta o risco de cancro da mama
|
Mito
|
Anti-transpirantes
e desodorizantes aumentam o risco de cancro da mama
|
Facto
|
Anti-transpirantes
e desodorizantes não aumentam o risco de cancro da mama
|
Mito
|
A amamentação
aumenta o risco de cancro da mama
|
Facto
|
A amamentação não
aumenta o risco de cancro da mama, nem o diminui de forma considerável
|
Mito
|
A escorrência
(líquido) mamilar é sinal de cancro da mama
|
Facto
|
A escorrência
mamilar é um sinal importante mas que na maioria dos casos não traduz cancro
|
Mito
|
Os soutiens com
aros aumentam o risco de cancro da mama
|
Facto
|
Os soutiens, com
aros, sem aros, etc. não têm qualquer influência no risco de cancro da mama
|
Mito
|
Um traumatismo na
mama pode causar cancro
|
Facto
|
Os traumatismos
na mama não causam cancro
|
Mito
|
As pílulas
contraceptivas aumentam o risco de cancro da mama
|
Facto
|
As pílulas
contraceptivas actuais não aumentam o risco de cancro da mama
|
Mito
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"Uma em cada
dez mulheres irá ter cancro da mama" significa que se escolhermos dez
mulheres ao acaso uma delas irá ter cancro da mama de certeza
|
Facto
|
Uma em cada dez
mulheres é um valor de probabilidade e significa um risco que não é
necessariamente aplicado a cada grupo de dez mulheres, mas que se traduz
dessa forma para que se compreenda mais facilmente
|
Bibliografia
- ↑ a b Laurance, Jeremy. "Breast
cancer cases rise 80% since Seventies", The
Independent,
2006-09-29.
- ↑ Breast
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- ↑ Male
Breast Cancer Treatmeant - National Cancer Institute. National
Cancer Institute
- Penson RT;
Seiden MV; Kristen MS et al. Communicating Genetic Risks: Pros, Cons, and
Counsel. The Oncologist.
- ↑ WHO
Disease and injury country estimates. World
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- ↑ McPherson K; Steel CM; Dixon
JM. Breast Cancer – epidemiology, risk factors, and genetics. BMJ
- Portal de
Oncologia Português
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