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quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Disfunção Eréctil (DE) ou “Impotência Sexual”


 
Por vergonha, medo, ou até mesmo preconceito, culturalmente o homem tem que ser sempre viril e a dificuldade de ter ou manter uma erecção pode mexer muito com o psicológico e o emocional de quem não consegue ter uma vida sexual normal.


A Disfunção Eréctil (DE) ou “Impotência Sexual” é a incapacidade constante ou recorrente de obter ou manter uma erecção permitindo a actividade sexual durante pelo menos 3 meses. A DE pode atingir os homens de qualquer idade, tornando-se mais frequente em homens com o avançar da idade. Apresenta uma prevalência global de cerca de 13% em Portugal (Episex-pt, 2006), e continua para muitos um assunto tabu, sendo o tema abordado com dificuldade, até com o médico de família.

 

Sinais e sintomas:

 

A incapacidade ocasional em manter uma erecção acontece à maioria dos homens e geralmente não será causa de maior preocupação. Os problemas recorrentes deverão ser avaliados.

Poderá ter diferentes classificações:

Primária – o homem nunca teve uma erecção;
Secundária – o homem já teve uma erecção, mas não consegue ter mais;
Situacional – o homem tem erecções normalmente, mas em algumas ocasiões não consegue;
Parcial – existe uma pequena erecção que não é suficiente para o acto sexual.


Para comprovar a disfunção eréctil e saber qual o tratamento adequado é imprescindível uma consulta com um especialista.

 

Causas:

 

Causas orgânicas – doenças cardiovasculares;
Causas metabólicas – diabetes, problemas hormonais;
Causas funcionais – problemas nos músculos ou nervos sem qualquer doença associada;
Pós-operatório – após uma prostatectomia, por exemplo;
Causas emocionais – estresse, depressão;
O álcool e o cigarro também podem causar impotência

A erecção resulta de um processo complexo envolvendo o cérebro, as hormonas, os nervos pélvicos e os vasos sanguíneos irrigando o pénis. As estruturas penianas responsáveis pelo mecanismo eréctil são os corpos cavernosos, dois compartimentos cilíndricos envolvidos numa túnica sólida (Albugínea). Em paralelo corre o corpo esponjoso contendo a uretra. Com a excitação, o aumento do fluxo sanguíneo ao pénis assim como a diminuição da drenagem expande os corpos cavernosos.

Encarada anteriormente como uma patologia de causas primariamente psicológicas, a disfunção eréctil resulta com maior frequência de uma causa física, geralmente uma doença crónica sistémica, o efeito secundário de um tratamento instituído ou ainda a combinação destes factores.

As causas etiológicas mais comuns da DE são a doença coronária, a aterosclerose, a Diabetes, a obesidade, a hipertensão arterial e a síndrome metabólica. Nalguns casos pode representar o primeiro sinal destas doenças.

Outros factores importantes no desenvolvimento da doença são o tabagismo, o alcoolismo crónico, certas medicações, nomeadamente o tratamento do cancro da próstata, doenças neurológicas tais como a doença de Parkinson, a Esclerose Múltipla, distúrbios hormonais (hipogonadismo), a doença de Peyronie e os traumatismos pélvicos.

As causas psicológicas da DE representam 10 a 20 % dos casos e incluem a depressão, ansiedade, stresse, cansaço, assim como o problemas relacionais com a parceira. A imbricação de um problema psicológico numa causa física menor inicial poderá ser a origem de uma DE grave.

 

Factores de risco:

· Envelhecimento: incidência de cerca de 80 % no grupo etário acima dos 75 anos;

· Patologia crónicas: Diabetes Mellitus, aterosclerose, doença renal, hepática, pulmonar, nervosa, endócrina, crónicas (Diabetes Mellitus, Aterosclerose, Hipogonadismo,…);

· Tratamentos médicos crónicos: anti hipertensores, antidepressivos, anti-histamínicos, hipnóticos, tratamento médico do cancro da próstata …;

· Tratamentos cirúrgicos: por lesão dos nervos pélvicos (prostatectomia radical, cistectomia,..);

· Traumatismos: associados ou não a fracturas da bacia;

· Abusos sociais ou comportamentais: tabaco, álcool, marijuana ou drogas pesadas;

· Stresse, ansiedade, depressão: Causas psicológicas da disfunção eréctil;

· Obesidade;

· Síndrome metabólica: caracterizada por obesidade, dislipidémia, hipertensão arterial e resistência à Insulina;

· Ciclismo: compressão prolongada dos nervos e vasos perineais responsável por DE temporária.

Diagnóstico:

 

O diagnóstico da DE começa na elaboração de uma história clínica e psicossexual detalhada. Segue-se um exame físico assim como um controle analítico e hormonal básico.

Quando justificado o estudo complementar poderá incluir a realização de eco-doppler peniano, um estudo neurológico aprofundado, provas de tumescência e rigidez penianas nocturnas, caverosometrias e avernosografias, assim como uma consulta psicológica.

 

Tratamento:

 

Existe hoje em dia uma plêiade de opções terapêuticas, desde o aconselhamento sexual até às opções cirúrgicas, mas o tratamento adequado dependerá sempre da(s) causa(s) e da severidade da DE contrapostas às expectativas do doente.

 

Medicação oral:

Estão disponíveis os seguintes fármacos: Sildenafil (Viagra®), Tadalafil (Cialis®) e Vardenafil (Levitra®). Sendo moléculas do mesmo grupo farmacológico (inibidores das fosfodiesterases), actuam de modo semelhante aumentando os níveis de óxido nítrico no corpo cavernoso, relaxando assim o músculo liso e favorecendo deste modo a irrigação peniana. Não provocam automaticamente a erecção, favorecendo-a em resposta à estimulação psicológica ou física. Não obstante as suas semelhanças estes fármacos tem indicações preferenciais consoante o tipo de doente.

Estes fármacos são contra-indicados nos doentes com angina de peito medicados com nitratos e deverão sempre ser usados com precaução em caso de doença cardíaca grave, acidente vascular cerebral, diabetes incontrolada e hipo- ou hipertensão arterial. Qualquer medicação crónica concomitante deverá ser mencionada.

 

Prostaglandina E (Alprostadil):

Esta hormona relaxa o músculo liso peniano, aumentando o fluxo sanguíneo. Em Portugal encontra-se apenas sob forma injectável para administração intra-cavernosa (Caverject®). Poderá ser potenciado o seu efeito com Papaverina e/ou Fentolamina. Existe aínda uma forma de administração intra-uretral (Muse®).

 

Reposição hormonal:

Indicada nos doentes com valores baixos de Testosterona plasmática. Existe sob a forma transdérmica (Testim®, Testogel®) e injectável (Sustenon®, Testoviron®). Este tipo de tratamento implica sempre o doseamento do PSA.

Bombas de vácuo:

Com óptima indicação nos doentes com contra-indicações específicas para o tratamento farmacológico, tem em geral moderada aceitação.

 

Vascular surgery:

Indicada num número restrito de doentes, geralmente novos, com alterações vasculares comprovadas em estudos angiográficos.

Implantação de próteses penianas:

Cirurgia reservada aos casos onde as outras modalidades terapêuticas falharam. Trata-se de uma opção altamente invasiva e irreversível. Distinguem-se em próteses semi-rígidas e hidráulicas, feitas em silicone e poliuretano. Apresenta uma alta taxa de satisfação, no entanto pode ocorrer infecção da prótese em 2 a 3% dos doentes e apresentar até 15% de reentrevenções.

 

Aconselhamento psicológico e terapia sexual:
Pode servir como complemento das outras terapias para a DE , ou na presença de stresse, ansiedade, depressão. A falta de conhecimentos acerca da função sexual normal ou qualquer tipo de tensão relacional tornam essencial uma intervenção educativa para o doente ou o casal.

 

Prevenção:

· É determinante o controle das doenças crónicas assim como a eliminação dos factores de risco;

· Controle da Diabetes e risco coronário;

· Eliminação de tabagismo;

· Limitação de ingestão de álcool e evicção de drogas ilegais..;

· Prática de exercício físico regular;

· Sono regular;

· Controle do stresse;

· Tratamento de estados de ansiedade e depressão;

· Controle médico regular;

Bibliografia

Sociedade Portuguesa de Andrologia

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