Tosse convulsa
A tosse convulsa é uma
infecção muito contagiosa provocada pela bactéria Bordetella pertussis, que
provoca ataques de tosse que normalmente acabam numa inspiração prolongada,
profunda e que emite um som agudo (convulsa).
A tosse convulsa, que em
determinada altura fez estragos em muitos países e que ainda é um problema
importante no mundo, surge novamente com certa frequência em alguns países
desenvolvidos. De 2 em 2 ou de 4 em 4 anos ocorrem epidemias locais. Uma pessoa
pode contrair tosse convulsa em qualquer idade, mas em metade dos casos ocorre
em crianças com menos de 4 anos. Um ataque de tosse convulsa nem sempre garante
uma imunidade para toda a vida, mas o segundo ataque, quando ocorre, costuma
ser ligeiro e nem sempre se reconhece como tal.
Uma pessoa infectada
propaga organismos de tosse convulsa no ar através das gotas de humidade que
expulsa ao tossir. Qualquer pessoa que se encontre perto pode inalá-las e ser
infectada. Uma pessoa com tosse convulsa normalmente não é contagiosa a partir
da terceira semana da doença.
Sintomas e diagnóstico
Os sintomas da doença
começam, em geral, ao 7.º ou 10.º dia após o indivíduo ter sido exposto às
bactérias da tosse convulsa. As bactérias invadem o revestimento da garganta, a
traqueia e o aparelho respiratório, aumentando a secreção de mucosidade. Ao
princípio, a mucosidade é escassa e fluida, mas depois torna-se espessa e
pegajosa. A infecção dura aproximadamente 6 semanas e passa por três fases:
sintomas ligeiros de constipação (fase catarral), ataques intensos de tosse
(fase paroxística) e recuperação gradual (fase de convalescença).
O médico que visita uma
criança na primeira fase (catarral) tem de saber distinguir a tosse convulsa da
bronquite, da gripe e de outras infecções virais e até da tuberculose, pois
todas elas têm sintomas semelhantes. O médico, com um hissope pequeno, recolhe
amostras de mucosidade do nariz e da garganta, que são enviadas para o
laboratório para a sua cultura. Se uma criança se encontrar na fase inicial, a
cultura pode identificar as bactérias da tosse convulsa entre 80 % e 90 % dos
casos. Infelizmente, as bactérias são difíceis de cultivar nas fases mais
avançadas da doença, embora a tosse esteja no seu pior momento. Podem ser
obtidos resultados mais rapidamente se forem analisadas as amostras para
detectar bactérias de tosse convulsa utilizando anticorpos especiais, mas esta
técnica é menos fiável.
Complicações
As complicações mais
frequentes afectam os canais respiratórios. Os bebés corem o risco de se
lesionarem devido à falta de oxigénio após as pausas na respiração (apneia) ou
os ataques de tosse. As crianças podem contrair pneumonia, que pode ser mortal.
Durante os ataques de tosse, o ar pode ser expulso fora dos pulmões para os
tecidos circundantes e, além disso, os pulmões podem sofrer uma ruptura e
colapsar-se (pneumotórax). Os ataques violentos de tosse podem provocar
hemorragia nos olhos, nas membranas mucosas e, por vezes, na pele ou no
cérebro. Pode aparecer uma ferida na parte inferior da língua, se esta bater
nos dentes inferiores durante os ataques de tosse. Por vezes, a tosse pode
fazer com que o recto protraia para o exterior (prolapso rectal) ou que seja
provocada uma hérnia no umbigo, que pode manifestar-se como um inchaço.
Os bebés podem sofrer
convulsões, mas estas não são frequentes nas crianças mais velhas. A
hemorragia, o inchaço ou a inflamação cerebral podem provocar lesões no cérebro
e atraso mental, paralisia ou outros problemas neurológicos. Na tosse convulsa
também ocorrem frequentemente infecções do ouvido (otite média).
Prognóstico e tratamento
A grande maioria das
crianças com tosse convulsa recupera completamente, embora de forma lenta.
Entre, aproximadamente, 1 % e 2 % das crianças com menos de 1 ano morre. A
doença pode ser grave para qualquer criança com menos de 2 anos e é incómoda,
mas raramente grave, nas crianças mais velhas e nos adultos. No entanto, são as
crianças mais velhas e os adultos com doença ligeira que normalmente transmitem
a tosse convulsa aos mais pequenos.
Os bebés muito doentes costumam ser
hospitalizados porque necessitam de cuidados e de oxigénio e podem requerer
tratamento numa unidade de cuidados intensivos. São instalados num quarto
silencioso e com pouca luz e tenta-se perturbá-los o menos possível. Uma
perturbação pode provocar um ataque de tosse que, por sua vez, pode provocar
dificuldades respiratórias. As crianças mais velhas com doença ligeira não
requerem repouso de cama.
Durante o tratamento,
pode ser extraída mucosidade da garganta. Se necessário, nos casos graves,
coloca-se um tubo na traqueia para oxigenar directamente os pulmões. A
utilidade dos medicamentos para a tosse é duvidosa e, normalmente, não são
utilizados.
Podem ser administrados
fluidos intravenosos para substituir os líquidos perdidos durante os vómitos e
porque a tosse pode impedir a alimentação do bebé. É importante manter uma boa
nutrição e às crianças mais velhas é melhor oferecer pouca quantidade de
comida, mas com frequência.
A Eritromicina costuma
ser indicada para erradicar as bactérias que provocam a tosse convulsa. Também
são utilizados antibióticos para combater as infecções que acompanham a tosse
convulsa, como a broncopneumonia e a infecção ligeira do ouvido médio.
Prevenção
As crianças são sistematicamente imunizadas contra a tosse convulsa. A
vacina da tosse convulsa é normalmente combinada com vacinas contra a difteria
e o tétano e denomina-se DTP (difteria-tétano-pertosse).
As pessoas expostas à tosse convulsa recebem eritromicina como medida
profiláctica.
Estádios da tosse convulsa
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Primeiro estádio (catarral)
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Segundo estádio (paroxístico)
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Terceiro estádio (convalescença)
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Início
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Começa progressivamente entre 7 e 10 dias (não mais de 3 semanas) depois da exposição.
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Começa entre 10 e 14 dias depois dos primeiros sintomas.
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Começa entre a 4.ª e a 6.ª semanas depois dos primeiros sintomas.
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Sintomas
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Espirros, olhos chorosos, outros sintomas de constipação. Apatia.
Tosse incómoda e seca, primeiro à noite e depois durante o dia, cada vez com maior frequência. A febre é pouco comum. |
Acessos de tosse de 5 a 15 ou mais consecutivos e rápidos, seguidos de arquejo (uma inalação apressada e profunda que produz um ruído agudo). Depois de várias respirações normais, pode começar outro acesso de tosse. Através da tosse é possível que seja eliminada grande quantidade de monco espesso (que os bebés e as crianças costumam engolir ou que se podem observar como borbulhas grandes que saem pelo nariz) durante ou depois do acesso. Um acesso prolongado de tosse ou de mucosidade espessa pode provocar vómitos. Nos bebés, os momentos de sufoco e de pausas na respiração (apneia), que podem fazer com que a pele se torne azulada, são mais comuns que os arquejos.
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Os acessos de tosse tornam-se menos frequentes e menos graves. Os vómitos diminuem. A criança parece estar a recuperar e sente-se melhor. Podem produzir-se acessos de tosse ocasionais durante meses, normalmente desencadeados
por uma irritação derivada da infecção das vias respiratórias, como |
Importante:
Braunwald et al: Harrisson’s Principles of Internal Medicine. 15ª edição. McGraw-Hill.
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